Celular faz mal? O risco do uso excessivo de telas

Celular faz mal? O risco do uso excessivo de telas

É verdade que, na atualidade, a tecnologia cumpre um papel fundamental. No entanto, até que ponto o nosso contato com aparelhos eletrônicos pode ser considerado saudável?

Há cerca de 10 anos carregamos conosco diariamente um perigoso vício chamado smartphone.

Diversas pesquisas, como veremos a seguir, apontam que a dependência no celular pode alterar a nossa conduta, bem como o funcionamento cerebral. 

Neste artigo trazemos evidências científicas que alertam sobre os riscos relacionados ao uso excessivo de eletrônicos.

Para saber mais, siga a leitura.

Celular faz mal? Os riscos da utilização excessiva de smartphones

O termo nomofobia ou no mobile phobia (em inglês) é usado para descrever uma condição psicológica em que as pessoas têm medo de serem desligadas da conectividade do telefone móvel.

Uma equipe de pesquisadores do King’s College London descobriu que quase 40% dos alunos entrevistados exibiam sintomas de vício em seus smartphones. Segundo os jovens que participaram do estudo, o sentimento de não estar próximo do telefone é um fator gerador de ansiedade.

Como mostra a literatura, vários fatores psicológicos estão envolvidos quando uma pessoa usa excessivamente o telefone celular, como por exemplo, baixa autoestima e facilidade de distração. Além disso, é sabido que indivíduos nomofóbicos podem apresentar fobia social e ansiedade. 

Tais aspectos preocupam os especialistas, visto que a carga deste problema tem aumentado globalmente, principalmente quando considerado o isolamento social em razão da pandemia de Covid-19. 

No último ano, muitas atividades ao ar livre e de convívio social foram restringidas, aumentando ainda mais a utilização de recursos tecnológicos. Pesquisadores do Rio de Janeiro, por exemplo, verificaram que mais de 51,2% dos 870 entrevistados perceberam alterações emocionais pela necessidade de fazer mais uso de plataformas digitais em 2020.

Como o uso excessivo de telas afeta o ciclo circadiano

Outro grave sintoma do uso excessivo de eletrônicos é o prejuízo relacionado ao sono – aproximadamente 69% dos jovens entrevistados e viciados no uso de smartphones relataram não conseguir dormir o suficiente.

Sabemos que a qualidade do sono e a capacidade de manter níveis adequados de melatonina são estratégias necessárias para a promoção de uma vida longa e saudável.

Quando não temos um sono de qualidade, diversos outros aspectos são prejudicados. Afinal, são nas horas de descanso que o corpo se regenera, ativando a produção de hormônios essenciais à homeostase (equilíbrio fisiológico). 

Dessa forma, na possibilidade de qualquer interferência na qualidade do sono, somos diretamente impactados pelo desequilíbrio ao ritmo circadiano, ou seja, o período de 24 horas em que nosso corpo executa diversos ciclos biológicos e comportamentais.

O corpo humano não consegue diferenciar a luz solar da luz das telas. Por isso, quando adentramos a noite com televisores, computadores e celulares, é como se estivéssemos prolongando a duração da luz solar para o nosso organismo.

Por não respeitar o ciclo circadiano, podemos ter como resultado o desequilíbrio neurológico, hormonal, imunológico e reprodutivo.

O motivo? Se o corpo humano rompe a produção correta dos hormônios (que só é possível através do respeito ao ciclo circadiano) ocorre uma disruptura nos sistemas citados.

Stephen Lockley, pesquisador do sono de Harvard, afirma que o excesso de luz à noite é parte do motivo pelo qual tantas pessoas não dormem o suficiente. Pesquisas têm relacionado o sono curto com o aumento do risco de depressão, bem como diabetes e problemas cardiovasculares. 

Uso excessivo de mídia social vinculado à compulsão alimentar

Outro problema relacionado ao uso excessivo de telas, com destaque para as mídias sociais, é a compulsão alimentar. 

Um estudo recente realizado nos Estados Unidos verificou que crianças que têm mais tempo de tela entre 9 e 10 anos têm maior probabilidade de desenvolver transtorno da compulsão alimentar periódica um ano depois. 

O estudo, publicado no International Journal of Eating Disorders em 1º de março, descobriu que cada hora adicional gasta nas redes sociais estava associada a um risco 62% maior de transtorno da compulsão alimentar periódica um ano depois. Ele também descobriu que cada hora adicional gasta assistindo ou transmitindo televisão ou filmes levou a um risco 39% maior de transtorno da compulsão alimentar periódica um ano depois.

Os pesquisadores analisaram dados de 11.025 crianças de 9-11 anos que fazem parte do Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente, o maior estudo de longo prazo sobre o desenvolvimento do cérebro nos Estados Unidos. Os dados foram coletados de 2016-2019.

De acordo com Jason Nagata, um dos autores da pesquisa, as crianças podem ser mais propensas a comer em excesso quando distraídas em frente às telas. Assistir à televisão pode levar a comportamentos de compulsão alimentar devido ao consumo excessivo e perda de controle.

Tendo em vista os fatos demonstrados até aqui, reiteramos a importância de nos atentarmos ao consumo de telas, principalmente em relação ao uso de smartphones e tablets.

Caso você ainda não tenha se convencido da importância de reduzir as horas de contato com o celular, lhe fazemos um convite: acesse as configurações do seu smartphone e verifique qual a sua média diária de utilização. Deixe nos comentários a resposta!