Como desestressar em um mundo estressante?

Como desestressar em um mundo estressante?

Se você acompanha nossos conteúdos, já sabe que o gerenciamento do estresse é um dos importantes pilares para a construção de uma longevidade saudável.

No entanto, tendo em vista o estilo de vida que levamos diariamente, surge a questão: como desestressar quando estamos vivendo em um momento extremamente estressante?

Vivenciar um período repleto de indecisões, desinformação e ainda por cima consequências graves para a saúde da população, com certeza ocasiona estresse aos indivíduos.

Uma breve pesquisa no Google sobre o momento que enfrentamos traz um recado importante: cuide de sua saúde mental.

Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), publicado pela Revista The Lancet, encontrou evidências de que a mudança brusca de rotina que a pandemia causou na vida e no trabalho das pessoas estimulou impactos significativos para a saúde mental dos envolvidos.

Os dados encontrados apontam que os casos de depressão aumentaram 90% e o número de pessoas que relataram sintomas como crise de ansiedade e estresse agudo mais que dobrou entre os meses de março e abril de 2021.

Segundo a própria Organização Mundial da Saúde, a ausência de sociabilidade evidenciou o aumento dos índices de suicídio, depressão, preocupação, medo, ansiedade, violência doméstica, abuso de substâncias e também a fragilidade das redes de proteção.

Além disso, dados da OMS, embasados na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) relatam essas características como as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil em 2020:

– Depressão (59% das pessoas se encontram em estado máximo de depressão);

– Transtorno de Ansiedade (63% das pessoas possuem algum problema de ansiedade);

– Estresse (37% das pessoas estão estressadas com nível extremamente severo);

– Burnout (44% dizem ter sofrido com o esgotamento mental).

Nesse sentido, posicionar os distúrbios mentais como um problema de saúde pública é essencial para gerenciar a chamada epidemia do estresse.

Afinal, como desestressar em um mundo estressante?! É possível?

Considerando a realidade atual, desestressar em um mundo estressante parece uma utopia.

Entretanto, mesmo em meio ao que parece um caos, é possível encontrar alternativas para descansar a mente, o corpo e, consequentemente, estabilizar as nossas emoções para reduzir os níveis de estresse.

Nesse sentido, buscar alternativas que contribuem para a saúde através da espiritualidade podem ser ferramentas efetivas no combate ao estresse.

Segundo o sábio Hipócrates “é mais importante conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem”

Essa frase pode funcionar como guia para a compreensão de que trabalhos relacionados à análise e compreensão do estilo de vida individual colaboram positivamente para o diagnóstico e tratamento apropriados para cada paciente.

Além disso, o equilíbrio entre a saúde do corpo e da mente se torna cada vez mais evidente e importante para a garantia de qualidade de vida.

Por exemplo, técnicas de mindfulness podem aliviar o estresse diário, segundo estudo.

Segundo as análises realizadas pela Carnegie Mellon University na Pensilvânia, a prática de apenas 25 minutos, durante três (3) dias consecutivos, é capaz de aliviar o estresse psicológico.

Com este cenário, é possível utilizar métodos práticos e acessíveis à população para reequilibrar o corpo como um todo, afinal, o mindfulness é uma prática meditativa que objetiva o foco no momento presente.

Através de exercícios de meditação, ela auxilia no gerenciamento de pensamentos, sentimentos e emoções, causando impactos positivos para o equilíbrio necessário para a longevidade saudável do ser humano.

Importante ressaltar que o mindfulness não substitui o acompanhamento e diagnóstico profissional.

Porém, apresenta-se como uma prática promissora para o gerenciamento de estresse em um mundo estressante.

Como fazer: busque um lugar calmo, sente-se de maneira confortável e monitore um tempo máximo para permanecer no exercício (cerca de 25 minutos). Feche os olhos e deixe a sua mente se conectar com o momento presente e com os pensamentos que a seguem naquele momento.

Por que as pessoas estão mais estressadas?

Estamos estressados e vivendo em um mundo estressante.

Mas por que isso acontece?

Como citado acima, os casos de depressão aumentaram 90% e o número de pessoas que relataram sintomas como crise de ansiedade e estresse agudo mais que dobrou entre os meses de março e abril de 2021, no Brasil.

Nos Estados Unidos, uma pesquisa concluiu que cerca de 4 em cada 10 adultos relataram sintomas de ansiedade ou transtorno depressivo entre 2020 e 2021.

Os dados comparados com o ano de 2019 demonstram o crescimento dessa proporção, que anteriormente era de um em cada 10 adultos.

Outra coleta de dados, realizada pelo Office of National Statistics da Europa, indicou que mais de 25 milhões de pessoas no Reino Unido experimentaram altos níveis de ansiedade no final de março de 2020, quando o bloqueio inicial foi anunciado.

De acordo com a pesquisa, o aumento nos níveis de ansiedade resultou em preocupações com o bem-estar pessoal, a segurança no emprego e o impacto da Covid-19 no âmbito financeiro.

Além das consequências enfrentadas pela pandemia da Covid-19, a realidade atual da maioria dos indivíduos encontra-se em estado de alerta.

Afinal, o desempenho está acima da qualidade de trabalho, a vida virtual encontrada através das plataformas digitais tornou-se um modelo a ser seguido e a saúde e o bem-estar dos indivíduos está cada vez mais sendo tratado com menor prioridade.

Nesse sentido, a compreensão de que a nossa saúde depende também da maneira com a qual nos comportamos e absorvemos as informações e situações cotidianas é necessária para o trabalho em prol da qualidade de vida.

A pandemia do estresse

Além dos efeitos relacionados ao setor psicológico e mental dos indivíduos, viver estressado em um mundo estressante também pode acarretar consequências nocivas para a saúde do corpo do ser humano.

Alguns dos sintomas estão relacionados à má qualidade do sono, que impacta diretamente a produção de melatonina, ocasionando o desenvolvimento de distúrbios do sono, insônia e até mesmo o aumento do estresse como consequência.

Outro sintoma causado pela falta de gerenciamento de estresse está ligado à falta de energia, apetite e fadiga, três sintomas também associados à depressão.

Por último e não menos importante, viver estressado aumenta a probabilidade de risco para ataque cardíaco, segundo estudo.

Com o objetivo de encontrar indicadores verídicos, a equipe utilizou um biomarcador para medição dos níveis de cortisol no cabelo, através de amostras com comprimento entre 1 e 3 centímetros, correspondendo de 1 a 3 meses de crescimento do cabelo. As medidas foram realizadas em 174 indivíduos adultos internados por infarto do miocárdio na Suécia.

De acordo com os resultados obtidos, os pacientes que sofreram o ataque cardíaco apresentaram níveis mais elevados de cortisol significativos durante o mês anterior ao evento.

Considerando o cenário, mesmo que o estresse pareça inevitável, é imperativo que ele seja gerenciado para que o corpo, a mente e o espírito do indivíduo não sofra com as consequências graves do seu acúmulo.

Além disso, analisar e buscar a regulação dos níveis hormonais auxilia na identificação de fenômenos que podem ocasionar o surgimento de patologias mais graves.

Priorize a saúde mental

Viver estressado não é normal.

Neste contexto, priorizar a saúde mental auxilia na regulação de diversos sistemas responsáveis pela saúde e bem-estar dos indivíduos.

Inclusive, o trabalho de priorizar a saúde mental não cabe apenas ao indivíduo que sofre com tais distúrbios, mas também aos médicos, que devem prestar atenção aos sinais recebidos, para que realizem diagnósticos apropriados e de acordo com as necessidades de cada paciente.

Valorizar o cuidado com a saúde mental é um assunto cada vez mais em voga na comunidade médica, que ressalta a importância de analisar as causas de cada condição de saúde com atenção e minuciosidade, antes de propor o tratamento medicamentoso como solução efetiva.

Nesse sentido, que profissionais do Reino Unido realizaram uma pesquisa analítica sobre o oferecimento de atendimento psicológico de qualidade para indivíduos que apresentam sintomas de ansiedade e depressão.

De acordo com os dados obtidos, 45% a 58% da força de trabalho de saúde e assistência social da linha de frente contra a Covid-19 atendeu aos critérios para os casos de ansiedade, depressão e outros distúrbios relacionados à pandemia.

Entretanto, relatos apontam que os usuários desses serviços encontraram problemas como desinformação e barreiras de acesso para tais serviços.

Com o intuito de colaborar para o gerenciamento de estresse e promoção da qualidade de vida com atitudes preventivas e focadas na longevidade saudável, é necessário avaliar a formação de sensibilização para a saúde mental por parte dos profissionais da saúde.