O cortisol, comumente chamado de “hormônio do estresse”, é um hormônio esteroide essencial para o funcionamento do corpo humano, tendo como principal função aumentar a disponibilidade de energia para lidar com eventos estressores.
Via de regra, carboidratos são a primeira fonte de glicose utilizada para produção de energia, entretanto, o cortisol é um grande estimulador da gliconeogênese, promovendo a elevação da glicose no sangue através de outras fontes, como lactato, glicerol e aminoácidos, bem como pela quebra do glicogênio (glicose armazenada).
Além disso, o cortisol desempenha um papel vital em diversas funções fisiológicas, como o controle do metabolismo, a resposta imune e o equilíbrio de eletrólitos.
Neste post, vamos explorar como o cortisol atua no organismo, os sintomas de cortisol alto, os riscos à saúde relacionados ao seu excesso e a abordagem clínica mais indicada para esses casos.
A relação entre cortisol e melatonina
A relação entre cortisol e melatonina é fundamental para o funcionamento do ciclo circadiano, que regula nosso ritmo biológico diário, influenciando o sono, o estado de alerta, e diversas funções metabólicas. Esses dois hormônios atuam de maneira oposta, mas interdependente, ajudando a sincronizar os períodos de atividade e repouso do corpo.
Produzido pelas glândulas suprarrenais, o cortisol atinge seu pico nas primeiras horas da manhã, logo ao despertar, ajudando a aumentar o estado de alerta e a energia para enfrentar o dia. Seus níveis diminuem gradualmente ao longo do dia, atingindo o ponto mais baixo à noite, quando o corpo se prepara para o descanso.
Produzida principalmente pela glândula pineal em resposta à escuridão, a melatonina começa a aumentar no início da noite, atingindo o pico durante a madrugada. Ela sinaliza ao corpo que é hora de dormir, facilitando o relaxamento e a indução do sono. Durante o dia, seus níveis caem, sendo quase indetectáveis em condições normais de exposição à luz.
Perceba que os níveis de cortisol e melatonina estão em um ciclo inversamente relacionado. Durante a manhã, o aumento do cortisol é acompanhado pela queda nos níveis de melatonina e à medida que o dia avança e a luz diminui, os níveis de cortisol diminuem e os níveis de melatonina começam a aumentar.
A produção do cortisol acontece em resposta a sinais do hipotálamo e da glândula pituitária, que liberam hormônios reguladores da produção de cortisol pelas suprarrenais. Portanto, o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA) é uma das principais vias de regulação do cortisol no corpo.
O papel do cortisol e seus mecanismos de atuação
O cortisol é fundamental para a regulação de diversas funções biológicas, como:
Regulação do metabolismo
O cortisol atua na conversão de substratos em energia utilizável pelo corpo. Durante períodos de estresse, ele aumenta os níveis de glicose no sangue para garantir energia rápida.
Resposta ao estresse
Em situações de estresse físico ou emocional, o cortisol é liberado em maior quantidade para preparar o corpo para a “luta ou fuga”, aumentando a pressão arterial e o nível de alerta.
Regulação do sistema imunológico
O cortisol também tem efeito anti-inflamatório, suprimindo a resposta inflamatória do sistema imunológico.
Manutenção da pressão arterial
Ele atua no controle da vasoconstrição, regulando o equilíbrio hídrico e a pressão arterial.
Quando secretado em níveis adequados, o cortisol ajuda a manter o equilíbrio fisiológico. No entanto, em situações crônicas de estresse ou disfunções hormonais, a produção de cortisol pode se manter elevada, resultando em sintomas de cortisol alto e possíveis complicações à saúde.
Sinais e sintomas de cortisol alto
Quando o corpo produz cortisol em excesso, uma série de sintomas podem surgir. Entre eles, destacam-se:
- Aumento de peso, especialmente na região abdominal
- Insônia ou distúrbios do sono
- Ansiedade e irritabilidade
- Fadiga crônica
- Elevação da pressão arterial
- Diminuição da libido e do desempenho sexual
- Alterações no ciclo menstrual (em mulheres)
- Perda de massa muscular
- Dificuldade em cicatrização de feridas e maior vulnerabilidade a infecções
- Pele fina e propensa a hematomas
Esses sintomas são sinais de que o organismo está respondendo a uma sobrecarga de estresse ou disfunções hormonais, e a persistência desses quadros pode levar a consequências mais graves para a saúde.
Riscos à saúde relacionados ao cortisol alto
O excesso de cortisol, especialmente quando crônico, pode ter um impacto significativo na saúde geral. Entre os riscos mais comuns associados aos altos níveis de cortisol estão:
- Obesidade: O acúmulo de gordura visceralé uma característica comum em indivíduos com níveis elevados de cortisol, aumentando o risco de doenças metabólicas.
- Diabetes tipo 2: O aumento da glicose no sangue induzido pelo cortisol pode resultar em resistência à insulina e diabetes.
- Doenças cardíacas: Níveis elevados de cortisol podem acarretar hipertensão arterial, progressão da aterosclerosee elevar os riscos de doenças cardíacas.
- Imunossupressão: O excesso de cortisol suprime o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infecções.
- Transtornos psiquiátricos: O estresse crônico e o cortisol elevado estão fortemente associados a distúrbios como depressãoe ansiedade.
Esses riscos reforçam a importância de um diagnóstico e tratamento adequados para prevenir e evitar a evolução de condições graves relacionadas ao desequilíbrio desse hormônio.
Abordagem clínica de pacientes com cortisol alto
Níveis adequados de cortisol variam ao longo do dia, sendo mais altos pela manhã e mais baixos à noite. Em pessoas saudáveis, os níveis costumam variar entre 5 a 23 microgramas por decilitro (mcg/dL) pela manhã e entre 3 a 16 mcg/dL à noite.
Contudo, fatores como idade, sexo, dieta, atividade física, sono e condições de saúde podem interferir nesses níveis.
Portanto, o tratamento de pacientes com cortisol elevado deve ser individualizado e focado tanto na causa quanto nos sintomas apresentados. As principais abordagens incluem:
- Identificação da causa subjacente: A avaliação clínica deve incluir uma investigação aprofundada sobre a origem do aumento de cortisol, como o estresse crônico, hábitos diários, uso de corticosteroides ou doenças pré-existentes.
- Mudanças no estilo de vida: Intervenções que envolvem a redução do estresse são cruciais. Técnicas como a meditação, exercícios de respiração e melhora na qualidade do sono ajudam a regular os níveis de cortisol.
- Exercícios físicos regulares:O exercício pode ajudar a reduzir o cortisol e também melhorar o humor, portanto, é fundamental encaminhar pacientes à prática de, pelo menos, 30 minutos de exercício moderado a intenso todos os dias, incluindo atividades aeróbicas e de força.
- Ajustes na alimentação: Uma dieta rica em frutas, verduras e proteínas magras, evitando alimentos processados e com alto teor de açúcar, pode ajudar a equilibrar os níveis de cortisol e manter o controle do peso.
- Acompanhamento regular: O monitoramento regular dos níveis hormonais, incluindo o cortisol, é fundamental para ajustar o tratamento e garantir o equilíbrio hormonal a longo prazo.
Conclusão
O cortisol desempenha um papel essencial no corpo humano, mas o desequilíbrio em sua produção, especialmente em situações de estresse crônico, pode trazer sérios riscos à saúde.
Identificar sinais e sintomas de cortisol alto e tratar adequadamente essa condição é fundamental para evitar complicações futuras, como hipertensão, diabetes e problemas psiquiátricos, bem como para melhorar o bem-estar e qualidade de vida de pacientes.
Para os médicos, é essencial considerar uma abordagem integrativa que aborde tanto as causas quanto os efeitos do excesso de cortisol, promovendo uma recuperação mais eficaz e duradoura.
Para pacientes, fundamental buscar ajuda médica e de outros profissionais de saúde para realizar o acompanhamento regular dos níveis hormonais e da saúde como um todo, adotando cuidados personalizados e seguros.
Acompanhe a comunidade SOBRAF no Instagram, para estar sempre por dentro de assuntos de saúde integrativa, qualidade de vida e longevidade.