Melatonina em pauta: os efeitos do desrespeito ao ritmo circadiano em adolescentes

Melatonina em pauta: os efeitos do desrespeito ao ritmo circadiano em adolescentes

Como diversos estudos apontam, o nosso organismo precisa de regras e horários definidos para funcionar de forma plena e saudável ao longo dos anos. 

De certa forma, podemos compará-lo a uma organização: inicia as suas operações pela manhã, realiza intervalos durante o dia e encerra as demandas na parte da noite.

É mais ou menos dessa forma que opera o nosso ritmo circadiano, que tem como principal função sincronizar os sistemas neuro-endócrino-reprodutivo-imunológicos.

Siga a leitura e saiba mais sobre estudos recentes que relacionam o desrespeito ao ciclo circadiano com problemas de saúde. 

A importância do respeito ao ciclo circadiano para o corpo humano 

Em resumo, o ritmo circadiano designa o período de 24 horas sobre o qual nosso ciclo biológico se baseia, influenciado pela variação da luz solar.

Dessa forma, nosso corpo executa diferentes ciclos biológicos e comportamentais ao longo de 24 horas. O nosso organismo entende os diferentes momentos dentro de um ritmo circadiano e necessita da divisão correta entre dia e noite para obter o pleno funcionamento de suas atividades. 

Os ritmos circadianos surgem das células, tecidos e órgãos, para auxiliar o organismo a funcionar com maior eficiência. As suas funções incluem o controle de vários processos biológicos, como: ciclo do sono, temperatura corporal, secreção hormonal, função intestinal, homeostase da glicose e função imunológica.

Quando o funcionamento do relógio circadiano é afetado, o corpo reage com o desenvolvimento de uma variedade de doenças inflamatórias ou metabólicas, pois o ritmo natural (ou biológico) está desalinhado.

O ritmo biológico do corpo humano é regulado pelo núcleo supraquiasmático (NSQ), que fica localizado no cérebro, mais especificamente no hipotálamo. Seu estímulo ocorre através das células ganglionares da retina, ou seja, é através delas que o NSQ reconhece os aspectos de claro e escuro. 

Os ritmos circadianos estão em praticamente todas as células do corpo humano e, consequentemente, regulam a vida.

Como funciona a produção de melatonina?

A melatonina é produzida durante o nosso sono. Ela é um metoxiindol sintetizado e secretado pela glândula pineal à noite. Sendo assim, o claro e o escuro afetam diretamente a sua produção.

Entre as suas inúmeras funções, a melatonina é responsável por manter em equilíbrio os sistemas neuro-endócrino-reprodutivo-imunológicos.

É ela que transmite informações sobre o ciclo diário de luz e escuridão às estruturas do corpo. 

Mesmo que as funções do hormônio estejam baseadas em observações clínicas, existem evidências de que a melatonina estabiliza e fortalece a ritmicidade circadiana. Ou seja, com a sua produção, o corpo oferece maior imunidade, defesas antioxidantes, hemostasia e regulação da glicose.

Melatonina em pauta: efeitos do desrespeito ao ritmo circadiano em adolescentes

Um estudo recente publicado pelo ERJ Open Research demonstrou que os adolescentes  que possuem o hábito de ficar acordados até tarde – e consequentemente acordam mais tarde – estão mais propensos a sofrer de asma e alergias em comparação com aqueles que dormem e acordam mais cedo.

Como já se sabe através da literatura científica, os sintomas da asma são conhecidos por estarem fortemente ligados ao relógio interno do corpo. 

No entanto, o estudo citado é o primeiro que observa como o comportamento individual de sono pode influenciar o risco de asma em adolescentes. 

O estudo envolveu 1.684 adolescentes residentes em West Bengal, Índia, com idade entre 13 ou 14 anos, que participaram do estudo de Prevalência e Fatores de Risco de Asma e Doenças Relacionadas a Alergias entre Adolescentes (PERFORMANCE).

Os pesquisadores compararam os sintomas dos adolescentes com suas preferências de sono, levando em consideração outros fatores que afetam a asma e as alergias, como por exemplo o local de residência dos participantes e se seus familiares fumam.

Eles descobriram que a chance de ter asma era cerca de três vezes maior em adolescentes que preferem dormir mais tarde em comparação com aqueles que preferem dormir mais cedo. Eles também descobriram que o risco de sofrer rinite alérgica era duas vezes maior em pessoas que dormiam tarde em comparação com aquelas que dormiam cedo.

Os estudos sugerem que pessoas que dormem tarde têm como consequência a dessincronia da melatonina e, consequentemente, respostas alérgicas podem ser ocasionadas, originando doenças e prejudicando a qualidade de vida. 

Para saber mais sobre assuntos relacionados à fisiologia humana, continue acompanhando os nossos conteúdos!