A saúde de um indivíduo na infância é determinante para a sua longevidade, bem como para as próximas gerações. Afinal, o equilíbrio hormonal é a base para a saúde.
O excesso de uso de telas pelas crianças, hábito comum entre as famílias modernas, por exemplo, pode se manifestar em um desequilíbrio na fisiologia dos pequenos.
Como afirmam especialistas, o uso contínuo e excessivo de eletrônicos por crianças suprime a melatonina (interrupção do relógio biológico), libera dopamina em excesso (sistema de recompensa do cérebro), e aumenta os níveis de cortisol, por exemplo.
Além disso, esse novo comportamento faz com que a infância seja cada vez mais vivida dentro de casa. Atualmente, são poucas as crianças que brincam na rua e têm contato com a natureza.
Um dos fatores mais agravantes desse estilo de vida é que, entre as suas diversas consequências negativas, está a insuficiência da Vitamina D em crianças.
A Vitamina D – que deveria ser chamada de Hormônio D, visto que suas funções estão muito mais relacionadas às funções hormonais – possui um papel essencial para o desenvolvimento infantil, com impactos que persistem nas demais fases da vida.
Neste artigo, abordaremos diversos estudos científicos que trazem perspectivas gerais sobre o impacto do Hormônio D no desenvolvimento das crianças.
Siga a leitura e saiba mais.
Qual a função da Vitamina D em crianças?
De acordo com a literatura científica, um dos principais papéis da manutenção de níveis corretos de Hormônio D em crianças é o combate ao raquitismo. Essa doença metabólica sistêmica ocorre em fase de desenvolvimento, através da falha na mineralização óssea.
No entanto, com a evolução da medicina e o desenvolvimento de estudos sobre a fisiologia humana, é possível verificar a relação estreita entre bons níveis de Hormônio D com a saúde infantil em geral.
É sobre esse tema que conversaremos a seguir.
Estudos apontam a relação entre a deficiência de Hormônio D em crianças e sintomas de ansiedade e depressão na adolescência
A literatura científica mostra que baixos níveis de Hormônio D na infância podem estar atrelados com problemas psicológicos durante a adolescência.
Um estudo conduzido pela Universidade de Michigan em Bogotá e publicado em 2019 sugere que crianças com deficiência de Vitamina D tinham quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver problemas de comportamento externalizante, como a agressividade e a impulsividade.
Embora os autores reconheçam as limitações do estudo, os resultados indicam a necessidade de estudos adicionais envolvendo resultados neurocomportamentais em outras populações onde a deficiência de vitamina D pode ser um problema de saúde pública.
Deficiência de Vitamina D na infância apresenta riscos para a saúde cardiovascular
Em 2009, um estudo verificou que 7 em cada 10 crianças americanas têm baixos níveis de vitamina D. As descobertas sugerem que a deficiência de vitamina D pode colocar milhões de crianças em risco de hipertensão e outros fatores de risco para doenças cardíacas.
De acordo com o autor principal do estudo Juhi Kumar, “a mensagem para os pediatras é que a deficiência de vitamina D é um problema real, com consequências não apenas para a saúde óssea, mas também potencialmente para a saúde cardiovascular em longo prazo. Os pediatras deveriam rastrear os níveis de vitamina D em crianças, especialmente nas populações de alto risco”, diz o Dr. Kumar.
Suplementação de Vitamina D pode promover a perda de peso em crianças obesas, sugere estudo
Outra pesquisa, que apresenta como fonte a Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica, mostra a relação entre a suplementação de Vitamina D e a perda de peso em crianças obesas.
Os pesquisadores avaliaram 232 crianças e adolescentes obesos ao longo de 12 meses, com 117 designados aleatoriamente para receber suplementação de vitamina D, de acordo com as diretrizes da Endocrine Society sobre tratamento e prevenção de deficiências.
Os níveis de vitamina D, gordura corporal e marcadores sanguíneos da função hepática e da saúde do coração foram avaliados no início do estudo e 12 meses depois.
Como resultado, o estudo demonstrou que as crianças que receberam suplementos de vitamina D tiveram índice de massa corporal significativamente menor, bem como a melhora nos níveis de gordura corporal e colesterol após 12 meses de suplementação.
Hormônio D e QI Infantil: a importância da manutenção de bons níveis durante a gestação
Durante a gestação, o suprimento de vitamina D da mãe é passado ao bebê no útero e ajuda a regular os processos, incluindo o desenvolvimento do cérebro.
Um estudo recente publicado pelo The Journal of Nutrition demonstrou que níveis mais altos de Hormônio D entre as mães durante a gravidez pode promover um melhor desenvolvimento do cérebro e um maior QI na infância (4 e 6 anos de idade).
Deficiência de Vitamina D é maior em mulheres negras: entenda a relação
Neste mesmo estudo, os pesquisadores verificaram que a deficiência de vitamina D é comum entre a população em geral e também entre mulheres grávidas, mas observa que mulheres negras estão em maior risco.
Melissa Melough, a principal autora do estudo, explica que “o pigmento de melanina protege a pele contra os danos do sol, mas, ao bloquear os raios ultravioleta, a melanina também reduz a produção de vitamina D na pele”.
Por conta disso, são as gestantes negras que apresentam maior deficiência de Hormônio D.
O estudo tem como objetivo gerar conscientização sobre as implicações da deficiência de Vitamina D no pré-natal para o desenvolvimento neurocognitivo infantil.
Construção de hábitos saudáveis na infância são essenciais
Como sempre ressaltamos em nossos conteúdos, nunca é tarde para buscar formas de preservar a saúde.
No entanto, com base nos estudos demonstrados neste artigo, é inegável que a saúde de um indivíduo deve ser observada com atenção desde a fase de pré-concepção.
Dessa forma, é essencial que crianças e adolescentes tenham incentivo para a adoção de hábitos alimentares saudáveis e um estilo de vida adequado, com a prática de atividades ao ar livre, exposição solar segura e a suplementação adequada e individualizada de Hormônio D através da supervisão de profissionais.