A importância da redução à exposição a disruptores endócrinos para prevenção e tratamento da endometriose

A importância da redução à exposição a disruptores endócrinos para prevenção e tratamento da endometriose

A endometriose é uma doença inflamatória pélvica, que afeta milhões de mulheres no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, estima-se que uma em cada 10 mulheres sofre com os sintomas da endometriose e não sabe de sua existência.

Caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero, essa condição pode causar uma série de sintomas debilitantes e afetar significativamente a qualidade de vida das mulheres.

Por ser uma doença inflamatória, sabe-se que o tratamento deve englobar especialmente a mudança do estilo de vida, primariamente com a adoção de hábitos mais saudáveis em detrimento dos hábitos inflamatórios.

Embora a causa da inflamação seja multifatorial, evidências crescentes sugerem que a exposição a disruptores endócrinos pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento e progressão dessa doença.

Vamos entender melhor o assunto e por que é tão importante reduzir a exposição para prevenir e tratar a endometriose.

O que são disruptores endócrinos?

Disruptores endócrinos são substâncias químicas presentes em diversos produtos de uso diário, como plásticos, pesticidas, cosméticos e alimentos. Essas substâncias têm a capacidade de interferir no organismo humano, afetando a produção, liberação, transporte, metabolismo e eliminação dos hormônios naturais do corpo.

Disruptores tentam imitar a ação dos hormônios, bloquear ou modificar os seus efeitos, levando a desequilíbrios hormonais e disfunções não apenas no sistema endócrino como em diversos sistemas do organismo.

Endometriose e disruptores endócrinos

Uma das principais causas da endometriose é o excesso de estradiol, um hormônio importantíssimo, responsável por cerca de 400 funções no organismo da mulher, inclusive pelo crescimento dos órgãos reprodutivos e pela preparação uterina e endometrial, que contribui para a ovulação e tem, também, ação anabolizante nas mulheres.

Quando há níveis elevados desse hormônio, tem-se a predominância estrogênica em detrimento da progesterona. E em mulheres predispostas, esse desequilíbrio hormonal pode provocar o crescimento do tecido endometrial fora do útero, levando à formação de lesões endometriais e aos diversos sintomas que afetam em muito a vida das mulheres.

Disruptores endócrinos, como já dito, exercem ação hormônio símile quando em contato com o organismo, e um dos hormônios que imita é justamente o estradiol. Essas substâncias, especialmente nos casos de exposição constante, podem interferir drasticamente no equilíbrio hormonal, elevando os níveis do estrógeno e desencadeando ou agravando o processo inflamatório.

Para saber mais sobre endometriose, assista a este vídeo Vozes Que Informam – Compreendendo a endometriose | Dr Italo Rachid

A importância da redução da exposição a disruptores endócrinos

Diante da relação entre disruptores endócrinos e a endometriose, a redução dessa exposição a essas substâncias torna-se crucial na prevenção e tratamento da doença.

Níveis altos de estrogênio são fator de risco não apenas para a endometriose, como também para o câncer de mama e de ovário, elevando também os riscos para o câncer endometrial.

Embora seja difícil evitar completamente essas substâncias, que estão constantemente presentes em um mundo moderno, algumas medidas podem ser adotadas para minimizar a exposição a elas:

  1. Preferir alimentos naturais e orgânicos: Alimentos orgânicos, livres de pesticidas e fertilizantes químicos, podem ajudar a reduzir a contaminação por disruptores endócrinos presentes em pesticidas agrícolas.
  2. Uso consciente de produtos de higiene pessoal: a prescrição de produtos de higiene pessoal, como sabonetes, xampus e cosméticos, que sejam livres de substâncias químicas prejudiciais, como parabenos e ftalatos. Oriente pacientes sobre a importância de ler os rótulos e escolher produtos mais naturais.
  3. Evitar o uso de plástico: o plástico contém compostos químicos que podem funcionar como disruptores endócrinos, especialmente quando são aquecidos ou armazenam alimentos e bebidas. A utilização de recipientes de vidro e aço inoxidável, por exemplo, pode contribuir.
  4. Filtros de água: a instalação de filtro ou purificador de água ajuda a reduzir a exposição a possíveis contaminantes presentes na água consumida diariamente, como pesticidas e produtos químicos industriais.
  5. Optar por produtos de limpeza naturais: a maior parte dos produtos de limpeza convencionais contêm substâncias químicas extremamente prejudiciais que podem ser absorvidas pela pele e também inaladas, portanto a opção por produtos como vinagre, bicarbonato de sódio e limão, que são eficazes na limpeza doméstica, são bons aliados.
  6. Cosméticos: oriente sobre os perigos do uso frequente de cosméticos, maquiagem, cremes hidratantes e similares, principalmente os de uso diário, alertando sobre a preferência pelos de composição natural. Lembrando que os produtos de longa duração costumam conter ainda mais substâncias desreguladoras.

Prevenção e tratamento

Os sintomas da endometriose podem variar de leves a graves e incluem dor pélvica intensa, dor durante a menstruação (dismenorreia), dor durante as relações sexuais (dispareunia), excesso de fluxo menstrual e irregularidades no ciclo, fadiga, ansiedade, depressão, infertilidade.

Esses sintomas podem ter um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, interferindo em suas atividades diárias, relacionamentos e saúde emocional.

Portanto, a orientação adequada e a adoção de estratégias que proponham a mudança do estilo de vida com escolhas mais conscientes em relação ao que a paciente utiliza precisa ser parte dos cuidados preventivos, assim como pode contribuir para a redução da inflamação, reduzindo também os sintomas da doença.