Como lidar com um paciente sedentário?

Como lidar com um paciente sedentário?

O sedentarismo faz parte da vida da maior parte das pessoas, contudo, como profissionais da saúde, como podemos lidar com um paciente sedentário? 

A vida ativa tem inúmeros benefícios para a saúde de um indivíduo, sendo um dos pilares da qualidade de vida e da longevidade saudável. 

Ainda assim, muitas pessoas não conseguem aderir este estilo de vida e ao pedir ajuda a um médico se encontra nesse impasse. 

Como profissionais da saúde temos o dever de não só recomendar, mas também incentivar e explicar os efeitos da vida ativa para o paciente. 

Portanto, continue a leitura e entenda como lidar com um paciente sedentário. 

Afinal, como lidar com um paciente sedentário? 

Segundo publicação do Harvard Gazette, estamos programados para evitar esforços desnecessários.

Dessa forma, por mais que nosso organismo precise se exercitar, é inato do ser humano a busca pelo conforto. No entanto, os “níveis de conforto” atuais são bastante preocupantes, principalmente quando falamos da população brasileira: dados do IBGE mostram que cerca de 47% dos brasileiros são sedentários. Entre os jovens o número é maior e ainda mais alarmante: 84%. 

Em um contexto onde o sedentarismo é enraizado em nossa sociedade, como nós, profissionais da saúde, podemos incentivar nossos pacientes a aderir a uma vida ativa? 

A OMS define atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia, podendo ser todos os movimentos, incluindo durante o tempo de lazer, para transporte, para ir e voltar de lugares ou como parte do trabalho de uma pessoa. 

Tanto a atividade física de intensidade moderada quanto a vigorosa melhoram a saúde.

Algumas maneiras comuns de ser ativo incluem caminhar, andar de bicicleta, recreação ativa e brincadeiras, e podem ser feitas por todos os indivíduos, garantindo o bem-estar e a diversão de todos. 

Exercícios físicos não se resumem apenas a academias de musculação e, dessa forma, é importante que, em parceria com um educador físico, sejam demonstradas opções que agradem o praticante. O importante é não deixar de se mexer! 

Crianças e adolescentes de 5 a 17 anos

Crianças devem fazer pelo menos uma média de 60 minutos por dia de intensidade moderada a vigorosa, principalmente aeróbica, atividade física, durante a semana.

Recomenda-se incorporar atividades aeróbicas de intensidade vigorosa, bem como aquelas que fortalecem músculos e ossos, pelo menos 3 dias por semana.

Deve-se limitar a quantidade de tempo gasto sendo sedentário, particularmente a quantidade de tempo de tela recreativo.

O estímulo a brincadeiras e atividades em grupo nesta faixa etária é interessante não apenas para o desenvolvimento físico, mas também cognitivo. 

Adultos de 18 a 64 anos

Adultos devem fazer pelo menos 150-300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou pelo menos 75-150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa; ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e vigorosa durante a semana

Também deve fazer atividades de fortalecimento muscular em intensidade moderada ou maior que envolvam todos os principais grupos musculares em 2 ou mais dias por semana, pois fornecem benefícios adicionais à saúde.

Pode aumentar a atividade física aeróbica de intensidade moderada para mais de 300 minutos; ou fazer mais de 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa; ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e vigorosa ao longo da semana para benefícios adicionais à saúde.

Deve ser limitado a quantidade de tempo gasto sendo sedentário. Substituir o tempo sedentário por atividade física de qualquer intensidade traz benefícios à saúde.

Para ajudar a reduzir os efeitos prejudiciais de altos níveis de comportamento sedentário na saúde, todos os adultos e idosos devem procurar fazer mais do que os níveis recomendados de atividade física de intensidade moderada a vigorosa.

Também é possível evitar o comportamento sedentário e ser fisicamente ativo sentado ou deitado. Por exemplo, atividades conduzidas pela parte superior do corpo, esportes e atividades inclusivos e/ou específicos para cadeiras de rodas.

Contudo, a recomendação do médico Michael Fredericson, professor da Universidade Stanford, no Painel Virtual The New Frontiers of Fitness, oferece uma solução para os adeptos ao sedentarismo: 

“Divida a carga de exercício em diversos pequenos blocos de dez ou 12 minutos ao longo do dia é o suficiente para estimular o metabolismo. Há várias opções, como subir alguns lances de escada, ir a pé ao supermercado, fazer uma pequena série de polichinelos ou de agachamento”.

O profissional também ressaltou que não devemos nos limitar a um tipo de exercício, e sim adotar um conjunto de exercícios aeróbicos e exercícios de resistência, força, equilíbrio e flexibilidade, afinal, cada pequeno detalhe impacta na nossa mobilidade. 

Apesar da hesitação em aderir uma vida ativa, todos os indivíduos devem fazer exercícios. A movimentação corporal tem inúmeros benefícios e cada pessoa tem que fazer a sua parte para garantir seu bem-estar e aumentar a sua qualidade de vida. 

A importância da vida ativa 

Não é segredo que a prática de exercícios é sinônimo de viver bem. 

Quando praticamos atividade física, o aumento da frequência cardíaca promove a oxigenação do cérebro, estimulando o fluxo sanguíneo no local. 

Isso estimula o cerebelo, responsável pela coordenação motora, e também aumenta a atividade no hipocampo, associado à memória e ao aprendizado.

Além disso, estudos indicam que esse hábito contribui também para a neurogênese, ou seja, a formação de novos neurônios. 

Isso proporciona ao corpo uma otimização cerebral que pode ajudar na prevenção de patologias como Depressão, Parkinson, Alzheimer e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

No entanto, a prática de exercícios físicos também traz mudanças em nível molecular. 

Um estudo de 2020, constatou que quase dez mil moléculas são alteradas durante e após a atividade física, que envolvem processos relacionados ao metabolismo energético, estresse oxidativo, inflamação, reparação de tecido, resposta do fator de crescimento e caminhos regulatórios.

E as descobertas continuam. 

Nos últimos 10 anos, pesquisas que analisaram animais e humanos ajudaram a revelar o quão poderoso é esse vínculo entre o exercício e as mudanças na comunidade microbiana intestinal. Mais importante, esclareceu como isso pode realmente nos beneficiar.

Certamente não há escassez de estudos em humanos que mostram que fazer exercícios moderados a vigorosos, como corrida, ciclismo e treinamento de resistência, pode aumentar potencialmente a diversidade de bactérias no intestino. Isso tem sido associado a uma melhor saúde física e mental. 

Estudos comprovam que atletas também tendem a ter maior diversidade microbiana intestinal em comparação com pessoas sedentárias, embora parte disso possa ser devido às dietas especializadas que os competidores também costumam ter. 

Contudo, estudos mostraram que a combinação de exercício e dieta pode aumentar os números de Faecalibacterium prausnitzii e a produção de butirato em mulheres ativas, muitas vezes com função intestinal melhorada.

Comprovamos que a prática de atividade física é benéfica para a saúde em diversos sentidos, no entanto, é preciso entender o paciente para poder recomendar aquilo que mais vai beneficiar ele dentro de seu contexto, em conjunto com um educador físico.

Portanto, é imperativo que a comunidade médica científica não meça esforços para que essas informações cheguem a eles de forma compreensível e correta.