Intestino: segundo cérebro? Entenda a conexão entre os órgãos

Intestino: segundo cérebro? Entenda a conexão entre os órgãos

Seria o intestino o nosso segundo cérebro

A forma como o intestino e o cérebro se comunicam fascina a comunidade médica há séculos. Hoje, sabe-se que é estreita a relação entre esses dois órgãos, que ocupam papéis essenciais na fisiologia humana.

As mudanças na flora intestinal podem repercutir diretamente no funcionamento do órgão responsável pelo raciocínio, a inteligência e a emoção e, recentemente, novas pesquisas têm encontrado informações valiosas sobre o eixo intestino-cérebro.

Siga a leitura e saiba mais. 

O intestino pode ser considerado o segundo cérebro? Como funciona a conexão entre cérebro-intestino?

Localizadas no intestino delgado, as células enteroendócrinas funcionam como um sensor intestinal. 

Elas se comunicam por meio de hormônios e, além disso, realizam sinapse com os nervos – incluindo o nervo vago, estrutura que conecta o aparelho digestivo ao cérebro. A comunicação entre os órgãos também ocorre através das células de defesa do organismo e da corrente sanguínea.

Dessa forma, o nosso “segundo cérebro” consiste em invólucros de neurônios embutidos nas paredes do longo tubo do nosso intestino, que mede cerca de nove (9) metros – entre o esôfago e o ânus. 

No local, estão presentes aproximadamente 100 milhões de neurônios, mais do que na medula espinhal ou no sistema nervoso periférico. 

Assim, equipado com seus próprios reflexos e sentidos, o segundo cérebro pode controlar o comportamento intestinal independentemente do cérebro. 

Como afirma Emeran Mayer, professor de fisiologia, psiquiatria e ciências biocomportamentais na David Geffen School of Medicine da University of California, o segundo cérebro também é capaz de influenciar em nossas emoções

Em entrevista à revista Scientific American®, o pesquisador diz que “uma grande parte de nossas emoções é provavelmente influenciada pelos nervos em nosso intestino”. Assim, existem indícios de que  o bem-estar emocional diário pode depender das mensagens transmitidas do intestino para o cérebro

Como as fibras consumidas e processadas no intestino afetam o funcionamento das funções cerebrais

Como é sabido, as fibras fazem parte de uma dieta equilibrada, pois possuem inúmeros benefícios. É cientificamente comprovado que o seu consumo contribui para o menor risco de desenvolvimento de doença coronariana, hipertensão, obesidade, diabetes e câncer de cólon, por exemplo. Além disso, o aumento na ingestão de fibras reduz os níveis séricos de colesterol, melhora a glicemia em pacientes com diabetes, reduz o peso corporal e está associado com menores níveis séricos de proteína C reativa ultrassensível.  

Agora, uma nova pesquisa descobriu que o consumo de fibras pode estar relacionado com um risco reduzido de depressão, especialmente em mulheres na pré-menopausa. 

O estudo, conduzido com 5.800 mulheres de diversas idades, verificou que a ligação entre o consumo de fibra alimentar e depressão pode ser parcialmente explicada por interações intestino-cérebro, considerando que as mudanças na composição da microbiota intestinal podem afetar a neurotransmissão. Dessa forma, a fibra melhora a riqueza e a diversidade da microbiota intestinal.

A diretora médica da North American Menopause Society Stephanie Faubion afirma que, através do estudo citado, é possível perceber que a frase “você é o que você come” nunca fez tanto sentido, visto que aquilo que ingerimos tem um efeito profundo na microbiota intestinal, que parece desempenhar um papel fundamental na saúde e na doença.  

Eixo intestino-cérebro: qual a relação entre o intestino e a imunidade cerebral?

Sabe-se que o cérebro é protegido de maneira única contra bactérias e vírus invasores. Ao mesmo tempo, o seu mecanismo de defesa permanece um mistério na comunidade científica.

No entanto, um estudo em camundongos e confirmado em amostras humanas mostrou que o cérebro tem um surpreendente aliado em sua proteção: o intestino!

As meninges são o lar de células imunológicas conhecidas como células plasmáticas, que secretam anticorpos.

Essas células são especificamente posicionadas próximas a grandes vasos sanguíneos que correm dentro das meninges, permitindo-lhes secretar seus anticorpos ‘protetores’ para defender o perímetro do cérebro.

Quando os pesquisadores observaram o tipo específico de anticorpo produzido por essas células, surpreenderam-se ao descobrir que ele é normalmente o tipo encontrado no intestino.

Em resumo, a pesquisa publicada pela Nature descobriu que uma importante linha de defesa do cérebro começa no intestino. As células que terminam nas meninges são aquelas que se expandiram seletivamente no intestino, onde reconheceram determinados patógenos.

Considerações finais sobre o eixo intestino-cérebro

O eixo cérebro-intestino pode desencadear grandes mudanças emocionais, principalmente em pessoas que sofrem com a Síndrome do Intestino Irritável e problemas funcionais do intestino, como prisão de ventre, diarréia, inchaços e dores estomacais. 

De acordo com Jay Pasricha, diretor do Centro Johns Hopkins de Neurogastroenterologia, durante décadas a ciência acreditou que a ansiedade e a depressão contribuíam para problemas intestinais. No entanto, novas pesquisas mostram que também pode ocorrer o contrário.

Através dos dados demonstrados até aqui, fica explícita a necessidade de aprofundar os esforços científicos sobre a conexão entre o cérebro e o intestino, em busca de novos conhecimentos relacionados à fisiologia humana.
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