Você pratica aquilo que prega? O cenário da medicina no Brasil

Você pratica aquilo que prega? O cenário da medicina no Brasil

Na área da saúde, observamos uma realidade bastante clara: os nossos médicos estão doentes

Como consequência, não é raro ouvir relatos de pacientes que demandam maior empatia e cuidado durante os atendimentos.

Será que, enquanto profissionais da saúde, estamos praticando aquilo que pregamos em nossos discursos?

De que forma podemos buscar um atendimento mais humanizado?

Quais são as principais barreiras que nos impedem de cumprir com o propósito de promover a saúde entre a população?

Neste artigo, trazemos um panorama sobre o cenário da medicina no Brasil.

Siga a leitura e saiba mais.   

Cresce o número de cursos de Medicina no Brasil

Nos últimos anos, o número de cursos de Medicina mais do que triplicou no Brasil. 

Em 1997, eram 85 escolas médicas. Atualmente, já são mais de 300. 

O único país no mundo que oferece mais cursos de medicina do que o Brasil é a Índia, com cerca de 400 escolas. No entanto, o país tem uma população seis vezes maior do que a brasileira. 

A China, um dos países mais populosos do mundo, tem aproximadamente 150 escolas de medicina. Já os Estados Unidos apresenta pouco mais de 130 cursos de ensino superior. 

De acordo com os dados da Demografia Médica do Brasil, elaborado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil tem 466 mil médicos – ou 2,1 por mil habitantes.

Para fins de comparação, esse indicador é próximo ao de países avançados, como o Japão (2,4) e a Coréia do Sul (2,2).

No entanto, será que a qualidade dos serviços prestados pode ser comparada aos países citados?

Nossos médicos estão doentes: exercício da medicina traz fortes impactos emocionais

Por mais que tenhamos um grande número de médicos formados em nosso país, pesquisas identificam que as relações de trabalho, o tempo dedicado à atividade profissional, as formas de remuneração e as questões éticas têm influência negativa na saúde do médico. 

Cerca de 80% dos médicos brasileiros consideram a atividade médica desgastante, sendo este desgaste atribuído a fatores como o excesso de trabalho, baixa remuneração, más condições de trabalho e alta responsabilidade profissional.

Por isso, é notável que há uma disparidade entre o número de profissionais formados e o número de profissionais satisfeitos em relação ao exercício da atividade. 

A literatura aponta diversos aspectos do exercício profissional na área da saúde e quando falamos especificamente sobre a medicina, encontramos dados que geram preocupação.

  • Os médicos trabalham mais que a maioria das pessoas (15 horas por semana a mais que outros profissionais);
  • Tiram menos tempo de férias (4 semanas/ano X 8 semanas/ano de outros profissionais);
  • Trabalham maior número de anos do que a população geral.

Consequências da desvalorização da classe médica

Como consequência às informações demonstradas até aqui, percebemos um agravo na  qualidade da assistência prestada, o que também prejudica os sistemas de saúde e, claro, os pacientes.

Um dos principais objetivos da SOBRAF é zelar pelo nível ético, eficiência técnica e sentido social do exercício profissional, bem como promover a defesa dos interesses dos seus associados.

Dessa forma, entendemos a relevância do compartilhamento de experiências, de modo que possamos colaborar com a redução do estresse e o crescimento profissional dos nossos médicos associados e de toda a classe de profissionais que promovem a saúde.

Você pratica aquilo que prega? A importância do autocuidado entre os médicos

Eis um fato: muitas vezes, médicos não são bons em cuidar da própria saúde. Como vimos, são diversas as circunstâncias que colaboram para tal conjuntura. 

Evidências como as que foram demonstradas até aqui deixam claro que é necessário mudar a cultura em torno do cuidado e do bem-estar dos profissionais da saúde. 

Afinal, além de sermos excelentes médicos, precisamos impactar positivamente a vida dos nossos pacientes, demonstrando de forma prática o poder do hábito para a busca de uma longevidade saudável.

No entanto, esse objetivo só pode ser alcançado a partir do entendimento de que é necessário cuidar de quem cuida

Infelizmente, nossa sociedade passou a normalizar diferentes tipos de comportamentos que impactam drasticamente a nossa qualidade de vida. Atualmente, é “normal” verificarmos profissionais exaustos e muitas vezes insatisfeitos com o seu modus operandi, prejudicando gravemente a saúde e o bem-estar dos pacientes.  

Entendemos que ser médico é ir além da patologia, sempre buscando a promoção da saúde e da qualidade de vida aos pacientes. No entanto, compreendendo os desafios que permeiam a profissão, é papel das associações e dos centros de saúde oferecer o amparo necessário aos profissionais.  

Que possamos sempre lembrar de que aqueles que cuidam também necessitam de cuidado. Afinal, por trás de cada jaleco, existem pessoas empenhadas em dar o seu melhor todos os dias.

Nós, da SOBRAF, temos o importante papel de cuidar dos interesses dos médicos (a) associados, trabalhando em prol da valorização da área.
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